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segunda-feira, 23 de março de 2020

Velho na praça.(poesia)

Todo dia, à tarde,
quando eu passo,
vejo um velhinho de cabelos brancos,
descansando seu cansaço,
na tábua dura de um banco.

Tudo que ele precisa,
o mundo não sabe,
se alguem sabe,
não se importa.
Alguém que lhe dê carinho,
alguém que o conforte.

Eu queria tanto,
mas não consigo,
a pressa impede,
o tempo passa,
oferecer tudo isto,
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ao velho mendigo,
sentado no banco da praça.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A declaração (crônica)


Há muito tempo ele desejava declarar seus sentimentos, queria dizer o que sentia, tudo que estava guardado no seu coração. Entretanto, o homem extrovertido e falante, às vezes brincalhão, totalmente desinibido, ficava incrivelmente tímido e trêmulo quando estava em sua companhia, bastava ouvir a sua voz e as palavras desapareciam, a garganta ficava seca e, além disto, havia o medo de ouvir um sonoro não como resposta. E se estivesse confundindo tudo, e se os sinais que achava estar recebendo da parte dela, não significasse o que ele achava que realmente significava? Havia muitas variáveis, muitos questionamentos, muita coisa a se colocar na balança, mas uma coisa não mudava, ela estava no seu pensamento todo o tempo, deitava pensando nela e acordava do mesmo jeito, era preciso fazer alguma coisa, tomar uma atitude, caso não fizesse nada, poderia viver arrependido pelo resto da vida, e isto definitivamente não era o seu desejo.
Uma certa manhã, acordou decidido, reuniu todas as forças, respirou fundo e se aproximou do telefone, afinal, talvez assim fosse mais fácil, sem vê-la na sua frente, sem sentir o cheiro do seu perfume, possivelmente teria um pouco mais de coragem e declararia o seu amor.
Ele discou o número e torceu, torceu muito para que fosse ela a pessoa a atender a ligação, e por mais incrível que possa parecer, enquanto a ligação se completava, segundos que pareceram horas, foi exatamente o que aconteceu, exatamente ela, atendeu ao telefone, Gaguejante, titubeante, ofegante, ele a convidou para sair.
A resposta? Ele recebeu a resposta mais linda que alguém terrivelmente apaixonado poderia receber, o que realmente queria ouvir, ela disse sim, todos os seus temores estavam errados, não estava enganado, havia interpretado corretamente os sinais, ela também o amava.
O caminho não teve apenas flores, teve espinhos, muitas pedras e problemas a serem resolvidos.
Porém, vinte e quatro anos e dois filhos depois, eles continuam juntos, porque como dizia a canção:
Ninguém um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Meu braço torto. (Crônica)


Meu braço esquerdo é torto, nada que me atrapalhe em alguma coisa, aliás, nunca me atrapalhou, mas a verdade é que nem sempre foi assim. Até a idade de doze anos, meu braço era normal e perfeito. Entretanto, falar sobre o braço me serve apenas de pretexto para chamar a atenção sobre algo muito mais sério e complicado, um problema sobre o qual a raça humana está envolvida desde o jardim do Èden, a desobediência.
Adão e Eva desobedeceram a Deus, e todos nós temos uma tendência terrível, apesar de muitas vezes negarmos, de seguir o mesmo caminho, sempre achamos que desobedecer é melhor, o resultado catastrófico dessa atitude esta registrado em todos os livros de historia e principalmente na Bíblia.
Mas vamos retornar a minha historia.
Morávamos na cidade de São Paulo, em uma casa que ficava nos fundos de uma igreja. Não sei se todos sabem, mas os paulistanos gostam de fazer casas cobertas com lajes de concreto e a nossa não era diferente, como é do conhecimento de todos também, antigamente não tínhamos brinquedos eletrônicos e celulares, então as nossas brincadeiras eram sempre ao ar livre, esconde-esconde, pega-pega, bolinhas de gude, pião, futebol e pipa, ou como é conhecido em outras regiões do Brasil, papagaio. Eu não apenas gostava de soltar pipa, era fanático, por incrível que pareça, às vezes fazia isto até mesmo a noite, mas havia algo ainda pior, adorava soltar pipa de cima da casa, algo explicitamente proibido pela minha saudosa mãe.
Voltamos à desobediência.
Apesar da proibição e dos avisos sobre o perigo de ficar brincando em cima da casa, sempre que minha mãe saía para trabalhar, lá estava eu praticando o velho e nefasto pecado da desobediência, durante um bom tempo não aconteceu absolutamente nada. Certo dia, porém quando fui subir pelo muro, não percebi que havia um bloco solto, e o tombo foi inevitável. Cai estatelado no chão e o bloco despencou por cima do meu braço. A correria foi total, como meus pais estavam trabalhando, fui levado por um vizinho até o hospital, pronto socorro lotado, gente por todos os lados, um ortopedista para atender uma multidão.
Não culpo o médico, dentro das condições em que trabalhava ele fez o que podia ser feito, mas até hoje quando olho o meu braço torto lembro-me da minha desobediência.
Minha mãe me perdoou, mas fiquei marcado pra toda vida.




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Velha Infancia (poesia)

Ainda me lembro daqueles tempos,
Quando eu era um garoto, uma criança,
Sentado ao pé da arvore, a sombra mansa,
em um mundo mágico de alegres pensamentos.

Minha vida parecia o sol na linda aurora,
Sem escuridão, ou nuvens negras pela frente,
Feito cortina que se abre de repente,
Sem o peso que a idade nos outorga.

O tempo não para um só instante,
Eu vivo a vida e corro mundo afora.
As vezes me sinto um gigante,
Mas tenho Saudades da Criança de outrora.

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Eu vejo

Uma estrela brilhando no espaço, Um peixe vagando no mar, Eu, a rosa e o retrato,  Você, a noite e o luar. Um farol, quase apagado, Uma luz ...