Translate

Mostrando postagens com marcador saudosa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador saudosa. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Meu braço torto. (Crônica)


Meu braço esquerdo é torto, nada que me atrapalhe em alguma coisa, aliás, nunca me atrapalhou, mas a verdade é que nem sempre foi assim. Até a idade de doze anos, meu braço era normal e perfeito. Entretanto, falar sobre o braço me serve apenas de pretexto para chamar a atenção sobre algo muito mais sério e complicado, um problema sobre o qual a raça humana está envolvida desde o jardim do Èden, a desobediência.
Adão e Eva desobedeceram a Deus, e todos nós temos uma tendência terrível, apesar de muitas vezes negarmos, de seguir o mesmo caminho, sempre achamos que desobedecer é melhor, o resultado catastrófico dessa atitude esta registrado em todos os livros de historia e principalmente na Bíblia.
Mas vamos retornar a minha historia.
Morávamos na cidade de São Paulo, em uma casa que ficava nos fundos de uma igreja. Não sei se todos sabem, mas os paulistanos gostam de fazer casas cobertas com lajes de concreto e a nossa não era diferente, como é do conhecimento de todos também, antigamente não tínhamos brinquedos eletrônicos e celulares, então as nossas brincadeiras eram sempre ao ar livre, esconde-esconde, pega-pega, bolinhas de gude, pião, futebol e pipa, ou como é conhecido em outras regiões do Brasil, papagaio. Eu não apenas gostava de soltar pipa, era fanático, por incrível que pareça, às vezes fazia isto até mesmo a noite, mas havia algo ainda pior, adorava soltar pipa de cima da casa, algo explicitamente proibido pela minha saudosa mãe.
Voltamos à desobediência.
Apesar da proibição e dos avisos sobre o perigo de ficar brincando em cima da casa, sempre que minha mãe saía para trabalhar, lá estava eu praticando o velho e nefasto pecado da desobediência, durante um bom tempo não aconteceu absolutamente nada. Certo dia, porém quando fui subir pelo muro, não percebi que havia um bloco solto, e o tombo foi inevitável. Cai estatelado no chão e o bloco despencou por cima do meu braço. A correria foi total, como meus pais estavam trabalhando, fui levado por um vizinho até o hospital, pronto socorro lotado, gente por todos os lados, um ortopedista para atender uma multidão.
Não culpo o médico, dentro das condições em que trabalhava ele fez o que podia ser feito, mas até hoje quando olho o meu braço torto lembro-me da minha desobediência.
Minha mãe me perdoou, mas fiquei marcado pra toda vida.




Eu vejo

Uma estrela brilhando no espaço, Um peixe vagando no mar, Eu, a rosa e o retrato,  Você, a noite e o luar. Um farol, quase apagado, Uma luz ...